Archive for the ‘Poesia’ Category

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Projeto Final

dezembro 12, 2016

ESCRITA COLABORATIVA.

PROJETO DE CURSO.

ABORDAGENS ESPECIAIS EM LÍNGUA, LITERATURA,

CULTURA DIGITAL E ENSINO.

 

Nome do Curso:

Escrita Colaborativa on line.

 

Características:

O projeto deste curso tem como principais características a interação virtual e a utilização dos recursos tecnológicos aplicados em práticas educativas.

 

 

Forma de Oferta:

 

O curso será ofertado na modalidade on line, visando explorar a disponibilidade e o nível de comprometimento que o aluno mobiliza para o bom cumprimento das atividades.

 

 

Tempo de duração:

 

Um bimestre com sessões on line de cinquenta minutos duas vezes por semana e mudança de texto quinzenal com a complexificação da atividade

 

Carga Horária Total:

 

Dezesseis aulas de cinquenta minutos. Total de oitocentos minutos.

 

 

Público:

 

Alunos do Ensino Médio.

 

 

Justificativa da Oferta do Curso:

 

Proporcionar aos alunos o desenvolvimento de escrita criativa e colaborativa utilizando recursos tecnológicos; absorver a dinâmica dos ambientes virtuais como possibilidade de ação educativa; auxiliar nos processos de escritura e leitura em práticas compartilhadas, proporcionar experiência difusa e abrangente acerca de autoria.

 

 

Objetivos:

 

Ampliar a relação dos alunos com o texto literário; introduzí-los em atividades de escrita criativa; aproximá-los de textos canônicos; torná-los conscientes da materialidade da escrita; incentivar a prática da escrita autoral; proporcionar experiências críticas e coletivas.

 

 

Projeto Político Pedagógico:

 

A atividade proposta tem a função de proporcionar uma experiência inovadora diante da inserção das novas tecnologias nos espaços educacionais. Através da prática e ajustes contínuos, será possível colher dados e elaborar hipóteses sobre a integração destes recursos nas atividades educativas do século vinte e um.

Atualmente, as conexões on line e os recursos disponíveis na internet permitem ampliar de forma desmesurada o alcance da ação educativa. Cabe aos profissionais da área da educação explorar novos processos de mobilização e de desenvolvimento das capacidades dos seus alunos. A atividade exploratória, a pesquisa e mesmo as relações mais triviais estão sendo modificadas pela simples presença dos dispositivos tecnológicos, logo se faz necessário incorporar, de modo produtivo e positivo, como elemento de integração e ferramenta de desenvolvimento para que os alunos se percebam inseridos num recorte próximo a realidade.

A aula precisa alcançar a dimensão do mundo e todos os pressupostos pedagógicos devem acompanhá-la nesta direção. As interações estão cada vez mais virtualizadas, a presença e a autoria não podem mais ser definidas por modelos anacrônicos; portanto, é crucial reposicionar as metas educacionais de modo que elas possam explorar e participar da nova dinâmica que vem se estabelecendo em toda sociedade.

A revisão do modelo educacional é também a revisão do indivíduo na sua capacidade de existir e modificar o mundo. As inúmeras leituras que podem ser feitas da realidade devem estar calcadas no pensamento crítico daquele que elabora a constituição do real, conhece a causalidade e valoriza a experência. O mundo continua dentro da matriz da exploração da desigualdade e apenas a lucidez e o domínio de si podem promover alguma mudança neste sentido.

A educação deve se libertar da alienação utilitária do ideário capitalista para existir no domínio da autonomia responsável, a leitura deve se converter na leitura do mundo e a escrita na escrita de si.

Este projeto vai propiciar a interação de silêncios e vozes, na construção de uma escrita transversal que sobre um texto dado se insurge sobre domínio e autoria. O canone será frequentado como fonte e matéria de contágio, convocando o olhar crítico como modo de tocar a realidade. A natureza coletiva da atividade proporcionará a interação e a consciência da alteridade, tão necessária na atualidade.

A proposta está baseada na prática e no desenvolvimento contínuo da atividade de escrita e leitura, tal proposição se justifica no exercício continuado e de complexidade crescente que pretende tornar o aluno consciente do trabalho com a escrita e da necessidade de explorar os recursos que lhes serão apresentados em cada etapa da atividade. A proposição de exploração prática encaminha a atividade para a relação intuitiva com as ferramentas e dispositivos, tal como ocorre nas situações cotidianas, no que se refere a integração da tecnologia ao cotidiano das pessoas.

A utilização dos recursos tecnológicos para trabalhar, de forma cooperativa, com os textos literários aproxima a dinâmica da escola ao universo das redes sociais, onde os hipertextos se entrecruzam produzindo uma infinidade de relações e sentidos. A carga produzida pelas interações entre indivíduos, a oferta inesgotável de conteúdos e ferramentas, os múltiplos ambientes com suas vocações específicas precisam chegar aos currículos e aos projetos políticos pedagógicos como instância de atualização e enfrentamento da nova realidade que vai se inserindo nas práticas educacionais.

A necessidade de descrever esta nova realidade exige também uma nova escrita e a leitura dos múltiplos textos que se entrecruzam em contexto e relação, precisam estar aberto a todas as chaves de leitura que esta realidade permite.

 

 

Avaliação:

 

A avaliação se dará por duas vias, no primeiro momento o professor deverá verificar o cumprimento da proposta, se o conceito para a atividade foi desenvolvido e se a paráfrase produzida preenche aos pressupostos solicitados. Na outra etapa da avaliação os alunos avaliam e comentam a atividade realizada, pontuando responsabilidades, situando as intervenções e qualificando mediante nota a ação de cada participante.

A nota final será obtida pela média entre as notas do aluno e do professor.

 

 

Recursos Necessários:

 

Computadores com acesso à Internet para todos, contas Google + ou Wikispace, uma antologia de contos que possa fornecer os textos-base.

 

 

Atividades:

 

 

Apresentação da atividade através de um tutorial; composição dos grupos de trabalho; dados preliminares sobre o texto de trabalho escolhido (tema, autoria, contexto); escolha dos fragmentos a serem substituidos; indicação das possibilidades a serem exploradas; apresentação da produção dos elementos do grupo, escolha do elemento textual que melhor atenda a indicação apresentada; avaliação do resultado.

A atividade é progressiva e busca aumentar o nível de complexidade da paráfrase, na iteração é importante o mediador explorar os conceitos de citação, intertextualidade e paráfrase de modo possibilitar a diferenciação por parte dos alunos.

 

 

Metodologia:

 

Constituir grupos de cinco participantes e criar nos aplicativos citados documentos compartilhados para que possam, dentre os fragmentos escolhidos, modificar a narrativa. Instruir e mediar a produção dos textos e auxiliar no debate quanto as etapas referentes ao processo.

Orientar a escolha do texto base, em consonância com o nível dos alunos, e monitorar os prazos para realização da tarefa.

 

 

 

 

Bibliografia:

SANTANA, Bianca; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca. (Org.) Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas políticas públicas. – 1. ed., 1 imp. – Salvador: Edufba; São Paulo: Casa da Cultura Digital. 2012.
KLEIMAN, Ângela, Oficina de Leitura Teoria e Prática, 15ª Edição, Campinas, São Paulo. 2013.

 

MICHELETTI, Guaraciaba. Leitura e Construção do Real. 3ª Edição – São Paulo: Cortez, 2002.

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Escrita Colaborativa.

dezembro 11, 2016

https://prezi.com/p5bidqmcqqcn/edit/#12_234814560

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Escola sem partido: reflexão crítica.

outubro 3, 2016

 

Item 4 – Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade – , as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.

 

Portanto, o único objetivo do Programa Escola sem Partido é informar e conscientizar os estudantes sobre os direitos que correspondem aqueles deveres, a fim de que eles mesmos possam exercer a defesa desses direitos, já que dentro das salas de aula ninguém mais poderá fazer isso por eles.

 

O item destacado adota a estrutura de tópico-comentário para fixar uma hipótese cujo ponto fulcral, o adjetivo “justa”, de valor judicativo, portanto subjetivo, adverte para eventual distorção (injustiça). A menção da “forma justa” aponta para o tratamento das questões elencadas: políticas, socioculturais e econômicas em contraponto com as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas; há o nítido esvaziamento da importância do professor e a incomoda evocação de pluralidade que, subjacente, se insinua a despeito da intenção ferina.

Para melhor compreender a relação entre estrutura e finalidade apresento algumas características sobre esta construção: 1) o papel funcional do tópico é o de chamar atenção para determinado elemento, alçando-o ao posicionamento do sujeito; 2) o tópico é sempre definido, enquanto o sujeito pode ser indefinido, isto ocorre porque o tópico é informação velha, ao passo que o sujeito pode não o ser; 3) o sujeito tem relações selecionais com o verbo, assim este o determina, o tópico não precisa ter. Isso quer dizer que se o verbo é de ação pede um sujeito agente, mas não um tópico agente; 4) o verbo normalmente concorda com o sujeito, mas não há entre o verbo e o tópico qualquer relação de concordância; 5) o tópico é obrigatoriamente o elemento inicial da sentença, pois é o elemento para o qual se pretende chamar a atenção e 6) o sujeito, mas não o tópico, desempenha papel proeminente em processos internos à sentença, tais como reflexivização, passivização, etc.

O argumento anterior serve para ilustrar como o tópico é dependente do discurso enquanto o sujeito é dependente da sentença. A estratégia de propor discurso como sentença se deve a necessidade de atenuar o peso do sujeito na sentença e pelo uso da estrutura discursiva estabelecer ordenação diversa atribuindo aos elementos acessórios importância determinada correspondente ao sujeito. Chama atenção o uso ostensivo do futuro do presente do modo indicativo, tempo verbal que se caracteriza por enunciar um fato que deve ocorrer num tempo vindouro, com relação ao momento atual. A flexão verbal das promessas e das hipóteses que esvazia o valor agentivo do enunciado e envolve o sujeito entre uma ordem e uma restrição.

Confrontado sujeito e tópico, apresentada a disposição de uso da forma verbal empregada, resta, ainda, revelar sobre qual elemento o item se assenta e desta operação extrair a sua orientação ideológica como pressuposto que o valida no contexto do qual foi destacado. O fragmento que corresponde a descrição anterior é: “de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade – ,”; entre vírgulas e travessões, reitera e especifica “forma justa”, que na condição adjetiva do fragmento, transporta juízo de valor a partir de uma subjetividade. Assim, está sancionada uma forma injusta de tratar os temas contidos no comentário e que deverá ser corrigida por determinada subjetividade que estabelece que “as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes” devem estar equiparados aos itens curriculares.

A equiparação entre “versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes” e itens curriculares propõe, de fato, que toda e qualquer intervenção deva ser compulsoriamente incorporada à aula; deste modo, fica alijada a autonomia do professor e da escola de produzir a orientação, tema e metodologia para assuntos que envolvam a esfera que o item em questão delimita.  A “forma justa” quer na verdade impor temas ideologicamente refutados no ambiente escolar, seja por posicionamento anacrônico, seja pelo caráter segregacionista que isola questões de gênero, de orientação religiosa ou critique determinada corrente política.

A “forma justa” ignora e flexibiliza a interpretação dos dispositivos constitucionais para se estabelecer como justa e acima do legal. A pretensão de impor deveres aos professores revela o temor de uma educação autônoma, crítica e inclusiva que pondere sobre a realidade e empodere aqueles que hoje e sempre são acessórios e descartáveis no fluxo da história.

Cabe, ainda, como última reflexão, um olhar sobre o último parágrafo, abaixo das referências legais; convenientemente, anotado como comentário ou justificativa:

Portanto, o único objetivo do Programa Escola sem Partido é informar e conscientizar os estudantes sobre os direitos que correspondem aqueles deveres, a fim de que eles mesmos possam exercer a defesa desses direitos, já que dentro das salas de aula ninguém mais poderá fazer isso por eles.

O título do cartaz é: Deveres do Professor mas o site anota que o objetivo são os direitos dos estudantes a cujos deveres corresponderiam; utiliza dos verbos informar e conscientizar para propor “a defesa desses direitos” e termina anotando “que dentro das salas de aula ninguém mais poderá fazer isso por eles”, o conjunto tem a clara orientação de opor professor e estudante seja na oposição de direitos e deveres, seja na provocação que, dirigida aos professores, é justificada como informação orientada aos estudantes.

O endereçamento, o teor, a estruturação e a orientação ideológica longe de propor a neutralidade impossível expõe o interesse em confrontar professores e estudantes nas matérias criteriosamente selecionadas quando bastaria promover o discurso plural e a convivência com a diversidade sem oprimir nem opor qualquer das classes envolvidas na ação.

 

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No princípio.

novembro 11, 2009

Confronto o nada e sigo o rumo vago
Andei perdido em mim sem voz nem verso
E quando o canto escapa e soa incerto,

Num tal silêncio torpe, torto e grave
Procuro na palavra o que me cabe
Do grito bruto e falho que desvendo.

A rima frágil brota, aflora e estanca,
Em contra ponto, a voz encanta o senso,
Enquanto o canto segue delicado.

Em vão prometo trégua pro cansaço,
Porém escrevo forte, claro e tenso;
Do jeito incerto o verso surge exato.

A mão sem culpa arrisca, que nem penso
Um verso seco pesa feito chumbo
A pedra solta corta meu caminho,

Agora Minas fica muito perto
Recife pulsa e brilha num repente
Num verso claro feito água ardente.

A fibra vibra farta que alucina
No povo vivo, Severina gente,
Enfim renasce forte como sina.

Na voz que brota limpa contra o fado
Acorda o mundo, alcança a foz do verso
Da voz divina a lira fez-se o verbo.

Dudu Oliveira.

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A Carne, segundo João (1:14).

novembro 11, 2009

 

E o Verbo fez-se carne, luz em nós;

A luz tornada em dia, infindo tempo

E cada boca guarda um credo, um templo,

Um corpo santo e um canto. Estamos sós?

 

E o Verbo fez-se carne, fruto e voz;

Na boca bem e mal traçam exemplos

Palavra doce: um anjo que contemplo;

No sal do Verbo: versa um anjo algoz.

 

O Verbo vivo, imortal alcança glória

Em luz e treva, a lavra concebeu

O rumo, o nome, a paz e a nossa história,

 

O Eterno fala nos silêncios meus,

Dos medos, guardo dores na memória

E o Verbo fez-se carne, voz e Deus.

 

Dudu Oliveira.

 

 

 

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O Inferno de Dante.

setembro 23, 2009

I

Dois poetas e o destino.

Círculos eram nove, vales três;
Um poeta conduz ao mundo turvo
Revelando pecados tão obscuros,
Um portal, quatro esferas, fossos dez.

Círculos concêntricos, fundos,
Habitados por entes condenados
Por um juiz corrompido pelo bem
Cobra revés do além, de tão profundo

A dor mostra no ódio rebelado
Pecado venial já cumpre pena
Que de volta em revolta, vê-se tudo,

Até quando o calor for congelado;
Ignora quando a fé se despe plena,
A pele veste a dor como um veludo!

II

A justiça do Inferno

Os círculos de culpa menos grave
Que purgam penas turvas e culposas
Recebem noutras penas dolorosas
O abrigo do castigo que lhe trave

O pecado medido pelo dolo
No desejo do mal é consumado
O devoto sem paz será cremado
E o desejo feroz devora o tolo

No centro dos Infernos sem irmão
Soterrado no gelo, pousa a mão
Uma voz no suplício ficou muda;

Suas dores serão surdas, ainda assim,
Quem matou o teu pai, adora Judas
Pois ama teu irmão como um Caim.

III

A Selva e o Monte.

A selva é labirinto, descaminho;
Quer pureza e razão, anjos no fim,
Pois toda selva traz no fogo um ninho
Quando a chama já cercou o Serafim…

Quem fustiga a pantera quer sevícia
A fome do leão quer violência,
Porém na traição há tal malícia
Que a sordidez da loba tem presença

Homem arrebatado fez-se errante
O jovem devorado pelas fomes
O velho consumido cede ao vício.

Quando a voz de Virgílio chama Dante
– Este ouve Beatriz e se consome –
A prisão da jornada tem início.

IV

O Portal do Inferno.

“Deixai toda esperança, ó vós que entrais!”
Divina Comédia – Dante.

O Portal da esperança abandonada
Acolhida dos seres mais impuros
Um tempo congelado no obscuro
O lugar onde a dor já fez morada

A ruína guarda almas condenadas
Na tortura crescente dos murmúrios
De um grito culpado e sem futuro
Que estanca na garganta lacerada

“Deixai toda esperança,” sejas forte;
Pois estais onde a morte dói tão mansa
Que todo desespero é sem remédio.

“Ó vós que entrais!” aceita em paz a sorte!
A dor jaz na recusa da esperança
Que te alcança na dança dos assédios.

V

Vestíbulo dos Indecisos.

Aqueles que relutam divergindo
Buscando do silencio, fortaleza;
Dois rumos conduzem a incerteza
Perdidos na tragédia divididos.

Confusos retardaram a atitude,
Pois perseguem em fila uma bandeira
Fugindo das escolhas derradeiras
Condenados sem vício e sem virtude.

Ignorados da barca de Caronte
Não cruzarão as águas do Aqueronte
Rejeitados do céu como covardes.

Vítimas da escolha e sem sentido
Trocaram o bem por mal, hoje caídos,
Não saberão por quem o Inferno arde.

VI

Limbo – Primeiro Círculo.

Quando o homem virtuoso do passado
Que chegou de outro mundo sem ter visto
A chaga consagrada que há em Cristo,
E mesmo pio não foi sacramentado.

O Castelo da Ciência molda mundos
Na coragem heróica destas crenças
Sai da voz dos poetas, tão intensas,
Que retumba do Limbo mais profundo.

Guarda a alma de Adão, consola Abel,
Lava as marcas de Heitor, vela Raquel,
Chamados pelo Pai por seu Juízo,

Suspensos entre o céu, sem suas glórias;
Sem o mundo dos mortos a vitória
Da fé revela ao justo o Paraíso.

VII

Os luxuriosos – Segundo Círculo.

Se Minos torce a cauda na sentença
As voltas contam todas as verdades
Um tribunal, um juiz, a santidade
Gozando os dissabores nas ofensas.

Perdidos na paixão com toda fúria,
Por viver as tragédias, tal Helena;
Sacrifício de amor revela à pena
Na prisão dos escravos da luxúria.

A paixão que arruína engana um tolo
Arrastando Francesca com Paolo,
O vento das tormentas não descansa;

Naqueles sufocados pelos beijos
Seguirão condenados aos desejos
Que o Inferno sopra o vento da vingança!

VIII

O Domínio de Cérbero – Terceiro Círculo.

Deformado no vício, na fartura;
Cevado na abundancia, nos excessos;
Escravo dos sentidos perde o nexo,
Um fraco cujo mal dispensa a cura.

Quando o cão estraçalha os condenados
E na lama conhecem seus martírios:
Tormentas rigorosas, calafrios,
Na sentença que cumprem isolados

Três cabeças famintas duma fera
Fartando-se na dor que é sem limites
Aqueles que perderam no apetite

Cedendo a perversão de tal Quimera;
A gula como a fé, tão corrompida;
E a fome cobra os preços noutras vidas.

IX

Pródigos e Avarentos – Quarto Círculo.

Os seres corrompidos por tesouros
Perderam-se nas rodas da fortuna
Servindo-se da usura oportuna,
Cederam seus ouvidos aos agouros

Tomaram vãos conselhos da ganância
E deles destacaram: avareza;
Seguiram siderados na riqueza
Sedentos afogaram na abundância

Arrastam os pecados da existência
Confrontando suas forças no martírio
Nos dois mundos opostos da prudência

Atentos e, por fim, ouvem avisos
Do tempo consumado em seu exílio
Quando o mal afinal cumpre o juízo.

X

Estige – Quinto Círculo.

Um rio sangra fervente no pavor
Pedras quentes da pira vão ao fundo
A ira em penitentes deste mundo
Vermes presos no lodo do rancor

Na cabeça a sentença de um pecado
No lago a nau do Inferno não transige,
Pois Flégias guarda as juras sãs no Estige
Navega com os Deuses do outro lado

A ira ganha a boca dos escravos
E descansa abraçada no rancor
Sua força domina todo parvo;

Quando o peito doído aceita a tranca
Na clausura contida em toda dor
E sangra, que a ferida purga franca.

XI

A Cidade de Dite – Sexto Círculo.

A vontade se mostra incontinente
Assalta a consciência dos culpados;
O mal precisamente consumado
Recebe tais castigos, inclementes.

Mil anjos desgraçados nestas portas
As torres são guardadas pelas Fúrias
Nas covas mil hereges, mil lamúrias,
Queimando na fornalha a carne morta.

Sustenta na sentença, o Santo Ofício;
O fogo que se espalha em precipícios
No calor dos perdidos por seus atos.

Um Papa cujo nome é Anastácio
Paga seus impagáveis desacatos
Queimando com hereges de Palácios!

XII

Vale do Rio Flegetonte – Sétimo Círculo.

O Flegetonte ferve nos violentos
Os tormentos seguiram Minotauro
A dor que sai das flechas dos Centauros
Encontram nestas almas tais alentos;

Tiranos queimam culpas pelas faltas;
Assaltantes recebem trato justo
Os homicidas cobrem todo custo
Quando o mal reconhece nesta malta.

O rio ferve sem dó das condenadas
Que purgam suas penas tais, infindas;
Mas toda eternidade soma nada.

Quando a alma quer paz, na dor bem vinda,
O Inferno quer horror, e a paz conflita,
Quando o sangue recusa a mão maldita.

XIII

Vale da Floresta – Sétimo Círculo.

Nas sombras da floresta condenada
As sementes da dor, em si contidas,
Geram arvores frágeis deprimidas,
E as Harpias devoram tais galhadas.

O vento traz gemidos tenebrosos
Cadelas dilaceram perdulários,
Dentre espinhos hostis e riscos vários,
Guarda a pele perfumes venenosos.

Os seres que cegaram conseqüências
E buscaram nos gestos vãs desculpas
Mas seguem atados, guardam culpas,

Purgando-se na própria violência
Tramando e dando a luta por perdida
Viveram vendo a vida sem saída.

XIV

Vale do Deserto – Sétimo Círculo.

Lupanar dos violentos condenados
Um deserto de fogo queima os tolos
A alma roga a paz e quer consolo
Nas dores que submetem os rebelados

Conflitos das palavras nos proscritos,
Daquele que negou tal Natureza
Agora só recebe a chama acesa
Imolado na usura acusa o grito

O ar pesa que sufoca, faz-se chamas
Falso sábio implora pelos Céus
Que derramam mais calor no incréu,

Pois na hora da verdade sente o drama,
Entende no rigor do seu martírio
Que a dor procura par no livre arbítrio.

XV

Cachoeira de Sangue do Rio Flegetonte – Sétimo Círculo.

A nascente sem paz do Flegetonte
Que sangra em suas pedras escaldantes
Caminhando por dores torturantes
Onde o mal se revolve – Eis a fonte!

Buscando alguma paz nesta viagem,
Uma trilha segura, alguma ponte
Cruzando sobre o mal, embora conte
O poeta tem par nesta passagem

A podridão da carne é tal, sufoca,
Tirano serve a culpa nos seus atos,
Suicida sente a dor que a dor provoca.

Pois onde nasce o mal há tal fascínio
Que oDemônio é o juiz dos insensatos
Recolhe a justa paga do domínio.

XVI

Primeiro Fosso – Rufiões e Sedutores – Oitavo Círculo.

São fraudes como Mestres do Desejo
Servindo toda sorte de apetites
Compraram e venderam sem limites
O gozo, contratando falsos beijos.

A palavra nascida do espanto
A paixão escraviza mais amante
Seduzidos, ao fim, são dois farsantes
Simulando a pureza dos encantos.

Jasão sente na morte dos seus filhos
Que a dor quer o prazer como sevícia
Na delícia das lágrimas sem brilhos;

O tempo eterno pesa nos açoites
No arrepio toda pele quer carícias
Na volúpia o Demônio fez a Noite.

XVII

Segundo Fosso – Aduladores e Lisonjeiros – Oitavo Círculo.

Aduladores pagam penas justas
Enganaram em fraudes, tantas farsas;
Converteram-se justos noutras graças
Corromperam os retos de conduta.

Um fosso tal, profundo em imundícies
E como sujas foram suas vidas;
A podridão revela-se sentida,
O cheiro ruim ascende à superfície

Inunda o mundo morto destas almas
Quem cultivou sonhos sofre desperto;
Colhe na vastidão mais de um deserto

A flor e a dor sentidas nestes traumas
Desesperadamente pedem calma;
Ora e chora sem ter anjos por perto.

XVIII

Terceiro Fosso – Os Simoníacos – Oitavo Círculo.

A pena do mercado de indulgências
Tão dura, quanto justa, que pareça
Queima o herege e padre que o mereça
Batizados na dor das penitências.

Mentindo vendem fé, ponta cabeça,
O juízo vem preciso na sentença
Quando o fogo é a cura e mais doença
O pecado reveste-se às avessas.

Quando benzem vinhos em tais vinagres,
Pois cobram cada gota, em cada drama,
Dos tementes na Tenda dos Milagres

Na soma dos pecados vis, fraternos,
O fogo eternamente cobriu Roma
Quando o Pontificado foi pro Inferno.

XIX

Quarto Fosso – Os Adivinhos – Oitavo Círculo.

Promessas reveladas de futuro
Uma luz brilha fosca no caminho
E lendo sortes toscas, o adivinho
Encena mortes põe preços no escuro.

Um profeta corrupto lê nos muros
A prisão tranca medos vãos, daninhos,
Mas a chave dourada dos mesquinhos
Abre a porta da ilusão no imaturo.

Porém o juízo ajusta no contrato
E cobra um custo justo em cada ato
Quando a luz fez no tolo a sua aposta.

A sentença colocou a luz nas costas
O futuro que já foi uma passagem
É a rota da derrota da miragem.

XX

Quinto Fosso – Os Corruptos – Oitavo Círculo.

Doze Demônios guardam os perdidos
Que ruíram no rumo da ganância
Malacoda mantém a liderança
No castigo dos entes corrompidos.

Sufocados, submersos, submetidos;
– Sejam escaldados: cobra a Confiança;
Torturados, as flechas lhes alcançam
E os algozes recolhem seus gemidos.

A paga sem clemência dos pecados
Deu causa a servidão dos submissos
O juízo sucede revelado;

Cumprido no castigo celebrado
O contrato sustenta os compromissos
Na razão dos valores ofertados.

XXI

Sexto Fosso – Os hipócritas – Oitavo Círculo.

Perderam-se nos atos, falsos brilhos;
E desprezaram suas conseqüências
Sustentaram em turvas consciências
O fusco e o mal; o vil tornou-se o trilho.

Porém tais culpas já pesaram tanto
Que cobrando do verbo e do gesto
Um chumbo tal pesando sobre os restos
Na ilusão dos incautos pousa o manto.

Seduzidos por falsas identidades
Pagam tributos a outras divindades
Quando a dor se conforta nas ofensas

Silencio recortado pelo grito
Foi gravando-se grave no conflito
Os ídolos sem causas cobram crenças.

XXII

Sétimo Fosso – Os Ladrões – Oitavo Círculo.

Picados por lagartos e serpentes
Que lhes roubam o corpo e as feições
Cobrando à decadência das ações
Na mutação que dói nos penitentes.

São donos dos pedaços destes corpos
Mutilados, despojos e destroços.
A angústia trai a carne, ganha os ossos
E a dor que jaz no fundo alcança o topo

Os ladrões como os nobres de Florença
Saqueavam os tesouros por costume
Abusando sem dó da fé alheia

Cobra o dobro na causa da doença
Incurável desdita que procure
A virtude sucumbe e cai na teia.

XXIII

Oitavo Fosso – Os Maus Conselheiros – Oitavo Círculo.

A boca aguça a fala e veste o fogo,
O fogo lavra a fraude num conselho,
O rosto encobre as chamas nos espelhos,
A voz do conselheiro joga o jogo.

O pecado cometido nos segredos
Violenta na figura quando escuta,
A chama se refaz embora oculta,
Mas inflama na culpa e colhe o medo.

A língua sente a dor cruel que teima,
A fibra sofre a míngua quando queima
Sentindo-se encantado, o verbo pleno,

Que transforma as palavras em sentença
Quando o fogo se apura, e cura a doença
O bálsamo que exala é qual veneno.

XXIV

Nono Fosso – Os Semeadores de Discórdias – Oitavo Círculo.

Lavraram nas sementes da discórdia
O rigor que sustenta tais conflitos
Pastaram sobre a paz do mundo aflito
No grito buscam vã misericórdia.

Quem cumpre sem temor estas façanhas
Sente a fúria do mal que molda o mundo
Guarda a carne o desprezo mais profundo
Quando o aço flutua nas entranhas.

Mutilando na força das injúrias,
Quando cobra castigos horrorosos
Os demônios, carrascos valorosos,

Recolhem das discórdias, as lamúrias;
Abrigando na carne lacerada
A justiça que há no aço da espada.

XXV

Décimo Fosso – Os Falsificadores – Oitavo Círculo.

A pele apodrecida cobra as faltas
Daqueles que viveram na mentira
Queimaram a verdade noutra pira
A lira soa falsa nesta pauta.

A sarna come o couro desta malta
Dissimulada colhe a flor da ira
Quando a dor que maltrata não expira
E a prudência iludida fez-se incauta.

Alquimistas recebem da imagem
Pintada na ganância do delírio
A paga mascarada no martírio.

Devaneios contidos na miragem
A mentira de ofício não descansa
Na ilusão corrompida da esperança.

XXVI

Cócito – Nono Círculo.

O círculo gelado dos invernos
A lágrima onde sangra o desespero
Neste rio condenado por inteiro
Que encarcera traidores tais, eternos.

A traição suja a mão do fratricida
A inveja causa a pena do maldito
Quando a sentença plena do delito
São martírios eternos noutra vida.

Houve quem renegasse na família
O divino contido em todo ser,
Pois seu beijo já selou a armadilha.

O traidor sofre e cobra menosprezo
Morando nesta dor sem perecer
Colhe agora na dor o sal desprezo.

XXVII

Caína – Nono Círculo – Primeira Esfera.

A mão contaminada por cobiça
A culpa revelada pelo gesto
Que desmonta na dor brutal protesto
Nas carnes congeladas da carniça.

A inveja roga preces noutra missa
A sentença anunciada em tom funesto
Na culpa do pecado manifesto
O Inferno guarda a paz e faz justiça.

O peito soterrado pelo medo
O enredo confirmado noutra vida
O traidor tem a mão dos homicidas

Que a culpa não se purga no degredo
Vivendo o pesadelo espera o fim,
Quando o gelo do Inferno quer Caim.

XXVIII

Antenora – Nono Círculo – Segunda Esfera.

Traidores da nação pagam as culpas
Soterrados no gelo, os condenados,
Consomem-se por atos perpetrados
Cujo dolo o Demônio não desculpa.

A terra foi vendida e cobra penas
Quer a dor consumada como abrigo
No suplício implacável do castigo
Que toda alma comporta pura e plena.

O traidor conjurado se retrata
Acrescenta aos ganhos as conseqüências
A ganância misturada na eloqüência

Um discurso sem causa contra a pátria;
Pelas mãos traiçoeiras de um escravo
Os irmãos imolados morrem bravos.

XXIX

Ptoloméia – Nono Círculo – Terceira Esfera.

A lágrima gelada do castigo
Acusa e rouba a paz do hospedeiro
Abrigados por falsos companheiros
Resguardam o engano dos abrigos.

O parceiro guardado no perigo
Acolhido no escudo traiçoeiro
Abraça o aturdido passageiro
Enquanto o pai da dor se diz amigo.

O tormento se cumpre sem descanso
O frio recobre o fundo deste mundo
Mesmo no desespero sem remanso

E trazendo na dor do frio intenso
A culpa se refaz no vão profundo
Pois no vasto do Inferno vive o senso.

XXX

Judeca – Nono Círculo – Quarta Esfera.

A culpa de um pecado sem igual
Um beijo consumado contra a luz
Da  prata da moeda que seduz
O domínio traiçoeiro do ancestral.

Pois o anjo da discórdia serve o sal
Numa reza que despreza e que traduz
A humanidade está presa na cruz
E o juízo recebido cobra o mal.

A dor que vem do beijo do carrasco
Dói mais funda no gesto de um irmão
O remorso aprofunda no penhasco

Quando a repulsa do ato dói num misto
A dor fere mais funda no perdão
Quando Judas recebe a dor de Cristo.

h1

Trégua para Van Gogh.

junho 21, 2009

Caia o silencio na sentença
Caia a dor no poema
Que o são trema
E a alma
Sinta

Caia o senso da demencia
Caia a cor no poema
Que a mão tenta
E a alma
Pinta

Caia o silencio,
         Caia o poema.
                O são surta
                         Na alma tinta! 

 

Dudu Oliveira.

h1

O duplo.

junho 20, 2009

As duas vidas que eu tenho
Já dizem bem onde estou
E diz também de onde venho…
E sendo dois, quem eu sou?

À parte o que cabe ao engenho,
Que minha arte de ser resultou
Nas duas partes que empenho;
Que lutam, se juntam e sou…

A angústia da face dos gêmeos
Que esta ambiguidade comprova;
Prova acaso quem sou? Nada prova…

Serei a redundância dos genes?
Se ainda não sei quem eu sou,
Que importa, serei o que tenho!

Dudu Oliveira.

h1

O deus do fogo mora no fundo dos olhos.

junho 19, 2009

 

 

O que seria esta idade?

Todos que conheço,

Morrem cotidianamente

Ou vivem desolados;

Assistem no circo a um torpe espetáculo

Ora são feras, ora são mágicos,

Simulando ilusão entre um e outro número;

São artistas e público

Rindo de si, estupidamente…

 

Quantos livros li?

Inúmeros…

Bastava o primeiro para certificar-me

A bem nutrida ignorância…

 

Porém, continuo lendo sob disfarces,

E sigo culpando o mercado livreiro;

Na verdade, cada livro é apenas um espelho

Onde minha alma despedaça

E minha imagem estilhaça.

 

A odisséia do anti herói

Está escrita na minha experiência

Sofro mentiras culposas e dolosas

Impressas na minha sombra

 

Meu algoz esquizofrênico

Espreita na sala de espera do analista

Freud, Jung, Freud…

É um mantra.

 

Continuo lendo livros

Anseio novas irrelevâncias,

Ignorâncias humanas e científicas,

Esta razoabilidade me põe diante do monolito.

 

Foda-se Clarke!!!

 

O homo sapiens é um homem só,

E logo será o homem humus.

Uma paródia bizarra da mariposa

Inseto em volta da luz

Dançando para a deusa da morte.

 

Existe um deus fogo

Que me habita o fundo dos olhos

E apenas o tolo tem,

É deles o reino dos céus

Que não sei onde fica…

Quando fazem fogueira

Os tolos chegam para celebrar

Numa orgia piromaníaca

 

Não tome lítio pela manhã;

Sossegue, deixe Jung em paz,

Sábios só tomam sicuta

Mas desejam mesmo láudano e heroína…

 

Meu vizinho adora pássaros

Tem um monte de gaiolas

Sempre que posso brigo com ele

Faço tudo para importuná-lo,

Mas pela manhã ele me diz bom dia.

 

Deus, minha alma estremece,

Temo este tipo de educação…

 

Na minha sala a paisagem clichê

É uma mansarda com chaminé

Um rolo de fumaça se desprendendo

Desafiando a gravidade,

Nosso epitáfio escrito numa bucólica placa:

Lar, doce lar;

 

A luz convergindo para o plano

Um riacho rasga a linha de base da figura

O ponto de fuga torce toda a cena,

A opção cromática está além da imagem

O bucólico freme, o tédio vibra e o pintor fenece,

 

Mas aquela fumacinha inocente

Desconcerta toda a cena

E o diabo de um canto do inferno

Pisca o olho para mim.

 

Minha memória recorta tudo em flash back.

Já amei um amor desbotado

Em pálidas emoções

Gostávamos do quê?

Sofríamos pelo que?

Estou preguiçoso demais para os rituais de solidão.

 

Outro dia numa foto não reconheci

Um lugar, uma cena,

Que a foto quis registrar;

Onde? Quem? Por quê?

Nada resistiu ao inventário dos amores perecíveis, nada.

 

As urgências do meu peito

Estão determinadas por um eco cardiograma.

O amor não se encontra na mitral

Boccaccio despiu o amor

E ele, desnudo, pareceu triste.

 

Então o deus do fogo

Imolou um jovem casal

E morrer de um amor era o final feliz.

 

Meu vizinho cria pássaros

Em belas gaiolas.

 

A gerente do banco tem promessas nos olhos

Suas mãos me falam, mas faço de tonto.

 

O deus do fogo mora no fundo dos olhos

E lá fora a poesia habita

Até na palinfrasia…

 

Dudu Oliveira.

h1

Lavrar.

junho 18, 2009

 

A letra alva cava a folha franca

A palavra trava e calada tranca;

A letra rubra fere a folha branca,

Vibra o rubro, a palavra estanca.

 

A palavra treva assoma a folha

A sombra rasa arrasa a palavra,

A treva turva assombra a escolha.

A trova grava na cova da lavra

 

Onde a palavra brota e repousa.

Como canto a palavra espanta,

Causa euforia quando encanta

 

Na poesia baldia quando ousa.

A palavra tardia vadia agiganta

Vaza arredia na foz da garganta.

 

Dudu Oliveira.